No inicio me parecia post obrigatório escrever sobre o aniversário da morte de Michael, e pensei o quão complicado seria, já que eu não sou grande conhecedora da sua obra. Conheço os clássicos e as histórias cabulosas que passavam na mídia. Ah, e lembro de assistir na Glogo o show dele quando o mesmo veio ao Brasil, sim eu era uma criança.
A verdade é que foi uma morte triste além do que normalmente já é a morte. Na mídia se escutou de tudo...a maluquice de Michael o matou, dependente químico, excêntrico, esquisito, perturbado e o comentário mais comum que dá pra se dizer que virou um bordão: "o menino que não cresceu".
Gosto desse último, e foi sobre esse último que refleti antes de escrever o post. Sim, eu acho mesmo que o menino não cresceu, mas não por ser maluco. Me fez acreditar que foi a forma de viver com a solidão. Crianças podem ser solitárias, mas tem habilidade de escapar da solidão. Fazem amizades relâmpagos que as preenchem, seja ali nos 30 minutos de pracinha ou numa festinha de aniversário. Não tem amigos no momento? Tranquilo, o mundo da imaginação se abre. Criam amigos imaginários fiéis, que são capazes de brincar incansávelmente. Não tem amigo imaginário? Tranquilo também, os brinquedos criam vida e participam ativamente de suas brincadeiras. Elas até podem ficar sozinha, mas nunca na solidão.
Michael confirmou o velho ditado: "- dinheiro não traz felicidade." Uma pessoa sozinha, que lutou com o adulto que tinha dentro de si. Fez ao contrário de todos nós, que com o passar dos anos vamos permitindo que a nossa criança interior adormeça profundamente. Ele lutava pra dormecer o adulto solitário, triste, dependente, cheio de mágoas, complicado...um adulto complicado para convivência de Michael.
Pensando como um todo agora, o quanto pode ser doloroso para o ser humano revirar a agenda de telefone e não ter um telefone no qual realmente possa ligar. Ou passar seus dias sem ter um momento simplório de risos incontroláveis de doer a barriga com algum amigo querido. Solidão dói em qualquer um, machuca e aperta o coração do ser humano como se fossem esmagá-lo.
Dinheiro, fama, amor, alegrias, saúde,...tudo isso pode ser profundamente coberto por um manto quando a solidão passa a fazer parte do contexto.
Quando penso na morte de Michael, ainda depois de um ano, o sentimento que tenho é de lamento. Não lamento pela morte, mas lamento pelo sentimento que eu acredito que fazia parte daquele coração no momento da morte. A solidão!
Publicado 25/06/09 - 20h35 no site G1
"Michael Jackson, considerado o Rei do Pop, morreu na tarde desta quinta-feira (25) após sofrer parada cardíaca e ser levado às pressas para o hospital UCLA Medical Center, em Los Angeles. O cantor de 50 anos não estava respirando quando os paramédicos chegaram à sua casa e deu entrada no hospital em estado de coma."
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